quarta-feira, 30 de março de 2011

Amigos sem defeito; inimigos, se não têm, invente

Agora pensem ao contrário: se para uns é reservado o fogo do inferno, como no caso anterior, referente ao artigo do Caetano, para outros, não há a menor possibilidade de haver ao menos um palito de fósforo aceso. Não que signifique desmerecimento para a personalidade em si, mas é de dar nos nervos acompanhar o tratamento que é dado pela mídia ao ex-vice José Alencar, finalmente falecido ontem, depois de uma verdadeira epopéia em sua luta pela vida. É isso. O que é insuportável é a quase condição de mártir que é dada, com todas as tintas de uma pessoa imaculada, sobre a qual não há o registro de um mínimo defeito, um deslize, um ato falho. Não, o ex-vice do Lula merece um estado de comoção que deve ultrapassar as grandes tragédias universais, quem sabe não justificaria um esforço pela sua canonização... Insuportável: para a mídia, não basta o limite do drama familiar, a morte de um símbolo de luta como o ex-vice tem de ser transformada num espetáculo interminável, mas que vai terminar assim que as luzes e as câmeras se apagarem.

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