quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Enquanto isso, na União Soviética...

Uma quinta de primeira. Logo de manhãzinha, depois de uma noite de calor senegalês em que não se dorme por nada neste mundo, sou acordado por uma bombástica notícia de rádio: um secretário de estado havia tido uma filha denunciada por uso indevido de influência política. O quê? Algo está errado. Agora só faltava a denúncia ter sido feita pela afiliada da maior rede de comunicação do país. E foi mesmo, o que demonstra que definitivamente algo está errado. Mais um pouco e surge o secretário nas ondas da rádio de maior audiência, na qual ele tem ou teve participação acionária, e prega com autoridade e autoritarismo sobre a necessidade de investigação e punição para a filha, em caso de culpa. Esclarece que trata-se de uma filha de um relacionamento anterior a seu casamento atual, mas - fazer o quê? É filha, né! De volta pra casa, zapeando no rádio do carro em busca de alguma musiquinha, eis que a rádio estatal anuncia que entrará em cadeia com as outras emissoras estatais para a transmissão de uma entrevista do secretário e pai. A ponto de ir às lágrimas, sol um mal disfarçado desejo de matar uma meia dúzia de adversários políticos e - quem sabe - algumas filhas, o secretário poderia acompanhar, em rede, sua valentia escorrendo pelo ralo.

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